Dizem por aí que um ser humano comum usa apenas entre 10 a 20% da capacidade de seu cérebro. Tal teoria nunca foi, de fato, comprovada – o que gera polêmica entre os estudiosos do assunto. Entretanto, fica a questão: existe realmente alguma substância que nos permita utilizar o potencial de nosso cérebro por completo? Partindo dessa idéia, surge a história de Sem Limites, do diretor Neil Burger (de O Ilusionista, 2006), que estreou nessa sexta-feira (24) nos cinemas nacionais.
Eddie Morra (Bradley Cooper) é um escritor fracassado passando por uma crise de criatividade e inspiração que o impede de terminar seu livro. Entretanto, após ser abandonado por sua namorada, Eddie reencontra seu ex-cunhado que lhe oferece uma droga que, segundo ele, ativaria toda a capacidade de seu cérebro. Após ingerir a substância, Eddie se transforma em um novo homem: termina seu livro, quintuplica seu dinheiro apostando na bolsa de valores, fala fluentemente novos idiomas, se relaciona com as mais belas mulheres da cidade, torna-se mais seguro de si… Enfim, Eddie se torna, definitivamente, um ser superior e totalmente diferente daquilo que sempre foi. Mas à medida que sua dependência por esse remédio cresce, ele se vê inserido num problema comum a qualquer usuário de drogas: a abstinência. E como conseqüência de seu uso excessivo, Eddie entra aos poucos em um estado deplorável, que pode o levar à morte assim como fizera com tantos outros usuários.
O filme convence porque tem um roteiro direto, uma fotografia moderna e a narrativa é feita no tempo certo, o que não cansa o telespectador. Uma sacada genial de Neil foi alterar a “tonalidade” do filme, que ora é acizentada, fria, sombria (quando o personagem está sóbrio) e ora clara, organizada (quando sob efeito da substância). Bradley Cooper está bem na pele de nosso protagonista – e também é gratificante ver Robert DeNiro de volta às telas com um personagem que, se por um lado é pequeno em cena, é importante na história e comprova a boa forma do veterano astro de Hollywood.
Sem Limites, de longe, não é um filme perfeito: há alguns erros que merecem ser apontados. Entre eles, o roteiro óbvio, que nos leva a prever algumas sequencias e nos deixa cientes de que mesmos os melhores roteiros tem algumas falhas (isso sem falar que, apesar de bom, não sabemos se estamos diante de um suspense, um filme de ação ou qualquer outro gênero). Além disso, puritanismo à parte, sabemos bem que nem todos os usuários de drogas conseguem ter um final feliz, como acontece com Eddie. Ao ingerir a substância NZT, ainda em fase de teste, Eddie se despe de seu verdadeiro “eu” para se tornar uma pessoa que ele considera melhor, mas até onde isso é real? Ele não reconhece seus limites e se torna um personagem por vezes irritante, ambicioso, cheio de si e sem nenhuma consciência moral do que é certo ou errado, pois, afinal, só pensa em si mesmo e em todos os benefícios que a droga pode trazer a ele.
O final nos dá a idéia de que pode haver uma continuação para a história. Se isto acontecer, com certeza valerá a pena voltar ao cinema para saber o desfecho da narrativa. Entretanto, não se empolgue: você não perderá nada caso isto não aconteça. Sem Limites é um bom filme, um thriller bem feito que é ideal para um cinema com o pessoal da faculdade no final de semana. E esta é justamente a sua limitação.
Gostaria de ver uma crítica a “Sucker punch”, em especial a má atuação de Vanessa Hudgens como uma garota sem sensualidade nenhuma!!