Quando falamos de novelas, por exemplo, é difícil encontrar na atualidade uma trama que não tenha um personagem gay. A atual novela das oito, Insensato Coração, está aí pra comprovar: escrita pelo autor também homossexual Gilberto Braga, a trama é considerada uma das que mais tem personagens homossexuais na história. No cinema, a homossexualidade já deixou de ser tabu há muito tempo. Em 2011, por exemplo, das produções indicadas ao Oscar de melhor filme, duas continham temáticas homossexuais.
E o sucesso dessas obras não é apenas entre homossexuais ou simpatizantes do mundo GLS. Quando tratados de forma correta, esses personagens acabam agradando ao público e ganhando destaque nas produções. Mas pra chegarmos até aqui, muita coisa mudou. Por isso, listei a seguir, com a ajuda de amigos, algumas obras que trataram deste tema e alguns personagens que o público não esquece. Confira quais são os filmes e novelas que abordaram este universo e, de certa forma, se tornaram referencial para o tema.
Silvio de Abreu teve que mudar sua história às pressas quando viu a audiência de sua trama despencar por conta do casal lésbico vivido por Christiane Torloni e Silvia Pfeifer. Inicialmente, apenas uma delas ficaria na trama após a explosão do shopping e tentaria refazer a vida ao lado de um novo amor. Com a rejeição do público, ambas as personagens morreram no desastre.
2. Eclipse de uma Paixão (1995)
Filme biográfico, Eclipse de uma Paixão narra a intensa e conturbada relação amorosa entre os poetas Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. Financiado pelo amigo, Rimbaud se destaca nos meios literários franceses por sua precocidade, enquanto Verlaine abandona esposa e filho e parte pra uma vida de aventuras com o jovem poeta.

Baseado na história real do poeta francês Rimbaud, o filme rendeu uma das melhores atuações da carreira de Leonardo DiCaprio.
Polêmico mesmo antes de ser concebido, Do Começo ao Fim apresentou a história do casal de irmãos gays vividos pelos atores Rafael Cardoso e João Gabriel. Após a morte da mãe, os jovens decidem assumir um relacionamento, até o momento em que enfrentam uma separação. Apesar do roteiro cheio de falhas, a crítica recebeu bem ao filme do cineasta Aluizio Abranches.
Mais um filme biográfico na lista. Desta vez, trata-se da história do autor cubano Reinaldo Arenas (interpretado pelo talentoso Javier Bardem), um revolucionário que luta pela liberdade de seu país e de sua homossexualidade, em um período regrado de tabus. O filme ainda conta com a participação de Johnny Depp, que vive dois personagens diferentes – entre eles o travesti Bon Bon.

Baseado na biografia de Reinaldo Arenas, o filme rendeu a Javier Bardem uma indicação ao Oscar de melhor ator.
Talvez esse tenha sido o primeiro casal homossexual a ter uma boa aceitação do público em telenovelas brasileiras. Manoel Carlos soube retratar bem a relação entre as duas adolescentes homossexuais de “Mulheres Apaixonadas”. Ao longo da trama, as garotas sofreram muito preconceito e rejeição por outras personagens, mas o público se sensibilizou bastante com a história. No final, o casal ficou junto – mas não houve a tão esperada cena do beijo gay.

Mesmo com a torcida do público por um final feliz para o casal homossexual, a produção da trama chegou a conclusão de que o público não estaria pronto pra assistir ao primeiro beijo gay em telenovelas.
Ambientado em uma época problemática, o filme mostra a trajetória real do bailarino Billy Elliot em busca do seu sonho de ser um dançarino profissional. Enfrentando o preconceito do pai e do irmão, Billy abandona as aulas de boxe e passa a treinar balé escondido da família. A questão central do filme é a paixão de Billy pela dança – o que não o torna um homossexual, como alguns sugerem.

A amizade de Billy com um homossexual e sua paixão pela dança não afetaram sua sexualidade - como alguns sugeriam.
Cisne Negro não trata especificamente um caso de amor homossexual, mas apresenta uma cena de suposto sexo entre duas amigas bailarinas. Na película, a cena poderia representar a forma pela qual a personagem de Natalie Portman se liberta de suas dúvidas, incertezas e opressões que vivera durante toda a vida. Essa superação se torna fundamental para que Nina abandone a imagem de doce e imatura menina e encarne a sensual e forte personagem de sua peça.
Já se imaginou tendo duas mães? O casal homossexual Jules e Nic (respectivamente Julianne Moore e Annette Bening) tem dois filhos adolescentes concebidos através de uma inseminação artificial. A comédia mostra o que acontece quando um dos filhos do casal decide sair em busca de seu pai biológico. O filme, além de divertido e polêmico, rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz para Annette.
No remake da obra de Cassiano Gabus Mendes, Maria Adelaide Amaral criou o casal homossexual vivido por André Arteche e Gustavo Leão. A personagem de Gustavo morreu nos primeiros capítulos, o que foi primordial para o desenvolvimento da trama. Entretanto, Julinho (personagem de Arteche) continuou na trama e agradou ao público.

Os personagens de André Arteche e Gustavo Leão na trama de Maria Adelaide Amaral foram bem recebidos pelo público.
10. O Segredo de Brokeback Mountain (2005)
Certamente, este foi um dos filmes mais felizes a tratar sobre o tema. Ambientado entre as décadas de 60 e 80, a produção norte-americana e canadense conta a história de amor entre dois jovens vaqueiros impedidos de assumir seu romance por conta de seus casamentos falidos e do medo da homofobia que era característica da época. A atuação memorável de Heath Ledger foi fundamental para o desenvolvimento da trama, que entrou na lista dos filmes românticos de maior bilheteria de todos os tempos.