Uma Lanterna Sem Luz Própria

Você não tem o que fazer em uma terça-feira à noite e decide ir até o cinema. Chegando lá, você fica em dúvida sobre o quê assistir e decide pegar a próxima sessão. Eis que o filme em questão é Lanterna Verde – mais uma história de heróis fantásticos com alguma missão quase impossível. Como muita gente na fila comenta que parece ser bom, você até se interessa – ainda que sem muita empolgação. Trinta minutos depois, você sai da sala de cinema indignado. Pois é, se você conseguiu assistir Lanterna Verde por mais de meia hora, meus parabéns!

Ryan Reynolds merece um Framboesa, não?

Já entrei em debate com vários amigos sobre a questão que envolve os efeitos especiais e a maneira como muitos são utilizados pela indústria cinematográfica. Apesar da paixão de Hollywood por efeitos fantásticos e mirabolantes, milhões de dólares gastos em CG não compensam uma boa história. Um exemplo clássico, na minha opinião, é Jurassik Park – Parque dos Dinossauros (1993), de Steven Spielberg. Foram gastos milhões de dólares em tecnologia de tirar o fôlego – tudo isso para apenas cerca de 15 minutos de dinossauro na tela. Ou seja, para ver esses 15 minutos de efeitos (ótimos para a época), o telespectador é obrigado a engolir quase 2 horas de um péssimo filme (sem roteiro e com personagens sem nenhum desenvolvimento). Lanterna Verde é bem parecido – com a diferença de que os efeitos aqui beiram a catástrofe.

Não consegui assistir a mais do que meia hora de Lanterna Verde por duas razões. A primeira se deve ao fato de sentir vergonha das cenas bizarras que fui obrigado a engolir. A segunda foi que eu não parava de rir pois as cenas eram tão “vergonha alheia” que chegavam ao cúmulo do ridículo. Ainda tenho a estranha sensação de que o filme não é sério; ele deve se tratar de alguma sátira à obra original, pois não consigo crer que um estúdio tenha coragem de produzir algo deste tipo sem um propósito satírico.

Próximo destino: Sessão da Tarde.

Se você, como eu, viveu na década de 90 e assistiu aos episódios clássicos de heróis como Power Rangers, por exemplo, você vai concordar comigo: os efeitos especiais de Lanterna Verde são deprimentes. Muito foi gasto mas o resultado não agrada visualmente falando (aquela luz verde o tempo todo me irritava profundamente…). Sem a menor dúvida: muita maquete de colégio vira prédio de luxo quando colocado ao lado desse filme. Como se não bastasse, a história não empolga. O roteiro é muito fraco e os personagens são pouco convincentes – a começar pelo insosso do Ryan Reynolds que, francamente, não deveria estar fazendo cinema. No máximo, poderia ganhar uma vaga no Zorra Total. Mas o mérito de ter estragado o longa não é de um ou de outro; o mérito é pelo conjunto da obra.

A crítica caiu matando. Mas também não poderia ter sido diferente. Para se assistir Lanterna Verde é preciso ser muito alienado, porque o filme abusa da nossa inteligência do começo ao fim. Costumo usar muito a expressão “sair do nada para chegar a lugar algum”. Bom, não é o caso de Lanterna Verde. A produção saiu de um abismo pra se jogar em um precipício. E o tombo foi bonito.

O que acontece é que Hollywood está em uma fase onde tudo é motivo de adaptação – daqui uns anos, a categoria de roteiro original do Oscar vai sumir, devido à falta de bons concorrentes – e as franquias de super-heróis tem alcançado bons resultados (vide Homem-Aranha ou X-Men). E essas histórias, geralmente, precisam de bons recursos em CG para retratar com precisão suas grandes batalhas e outros momentos gloriosos. Mas é preciso, no mínimo, um bom senso para usar e abusar de tecnologia com qualidade e sensatez.

Nas bilheterias, o longa até que não vai tão mal. Afinal, são heróis e o público gosta. Os mais críticos – como eu – olharão para Lanterna Verde e sentirão saudades dos tempos em que efeitos especiais eram escassos e mal-feitos. Ao menos, havia desculpas para justificar certas coisas. Sério, prefiro assistir Power Rangers – apesar de que Lanterna Verde não tem música da dupla Sandy e Júnior, né?

A luz da lanterna se apagou.

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