Entretenimento Pop em SP: Anime Friends 2014

Se você mora em São Paulo e é fã de cultura japonesa e entretenimento pop em geral, uma boa opção de programa para os próximos dias é o tradicional Anime Friends – festival que acontece anualmente desde 2003 e é considerado um dos maiores eventos do gênero em toda a América Latina.

O foco principal do festival é a cultura nipônica, mas trata-se de um ótimo entretenimento para quem curte o universo geek: lá você vai encontrar quadrinhos, mangás, animes, cosplays e, claro, muito game. No site oficial, por exemplo, já foi informado há alguns dias uma competição de videogame, que vai  acontecer na área Press Start Games, durante todos os dias do evento.

Por sua vez, haverá também o tradicional concurso de cosplays, que vai premiar os melhores inscritos em diversas categorias. Haverá também alguns espaços temáticos, como LOP-SP (Liga Pokémon), Magic Potter e N-Party. Para completar as atrações, diversos artistas vão passar pelos palcos do evento, como Ayumi Miyazaki, Takayoshi Tanimoto e a banda Flow – alem dos brasileiros da Família Lima e a banda Tihuana – que se apresenta no primeiro dia do evento. O vlogueiro e apresentador PC Siqueira se apresenta no dia 25, no Auditório Comic Fair, alem de inúmeros humoristas que, pela primeira vez, farão shows de stand-up, garantindo boas risadas ao público. Na parte de infraestrutura, como de costume, o evento conta com vários estandes de produtos relacionados, alem de uma ótima praça de alimentação.

Portanto, está em São Paulo até o final de julho? Não deixe de conferir a edição de 2014 do Anime Friends. Cultura, entretenimento – e muita diversão para os geeks de plantão.

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ANIME FRIENDS 2014
Campo de Marte – Avenida Santos Dumont, 2241 – São Paulo-SP

Data: de 17/07/2014 a 20/07/2014 e 24/07/2014 a 27/07/2014
Ingressos: a partir de R$ 50,00 (inteira) – aceita meia-entrada
Horário: Quintas, das 12h às 21h; sextas, sábados e domingos, das 10h às 21h.
Classificação: 12 anos
Informações: http://www.animefriends.com.br/

A Importância de “Pulp Fiction” e Quentin Tarantino na Cultura Indie Cinematográfica

Mesmo que você não tenha assistido a este longa de Quentin Tarantino, lançado em 1994, em algum momento de sua vida você já se deparou com alguma referência a esta produção. Pulp Fiction é um dos filmes mais cultuados de todos os tempos, uma obra-prima aclamada e sem precedentes de, até então, um jovem e promissor diretor que, já em seu segundo trabalho, firmava-se como um dos mais importantes cineastas de todos os tempos e criava um estilo particular que influenciou toda uma geração hollywoodiana desde então.

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Há quem fique indiferente a Pulp Fiction; há os que alegam que Cães de Aluguel, debut de Tarantino, seria a verdadeira obra máxima do cineasta. De fato, sob o ponto de vista estilístico, Cães de Aluguel é impecável e contém tudo aquilo que Tarantino faria em seus trabalhos futuros – não à toa, o filme foi ovacionado em Cannes à época de sua exibição. Sua importância é notável: sem Cães de Aluguel, jamais haveria Pulp Fiction – financeira e estilisticamente falando. Não obstante, Pulp Fiction lançou Tarantino para o estrelato definitivo, rompendo moldes e rótulos da indústria cinematográfica de então e deixando o público e, principalmente, a crítica de joelhos diante de seu idealizador.

Pulp Fiction nos apresenta três histórias distintas, contadas ao longo de capítulos não lineares, mas que se cruzam ao longo de suas duas horas e meia de duração. Essas três histórias são interligadas através de alguns personagens: na primeira delas, somos apresentados a dois parceiros mafiosos, Vincent Vega e Jules Winnfield (respectivamente, John Travolta e Samuel L. Jackson), que estão executando um serviço para um chefão da máfia; na segunda, acompanhamos o encontro fortuito de Vincent com Mia (Uma Thurman), a esposa do chefão criminoso; e, finalmente, a terceira narrativa acompanha o boxeador em fim de carreira Butch (Bruce Willis) pago para perder uma luta, mas que desiste da derrota e agora é procurado por Marcellus Wallace (Ving Rhames).

Mas Pulp Fiction não se resume somente a essas histórias. O filme representa Quentin Tarantino em sua essência. Aqui, como em pouquíssimos e raros casos no cinema, o diretor tem total controle sobre seus expectadores. Tarantino parece tentar arrancar tudo o que pode de seu público, indo mais fundo e explorando cada vez mais nossas emoções – até o exato momento em que estamos quase não aguentando mais e ele tira a mão, como que dizendo “tudo bem, você só aguenta até aqui… acho melhor parar!”. Tarantino é um como um deus brincalhão, abusando de seu público e se divertindo à custa dele.

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Pulp Fiction, apesar de não ser o primeiro a ter tal abordagem (vide clássicos como Cidadão Kane, ou mesmo o “debut” Cães de Aluguel), foi o que popularizou a narrativa não-linear (alem de tramas paralelas que se complementam). Prova é a quantidade de produções que seguiram essa característica da década de 90 em diante. A montagem desfragmentada das cenas contribui para que não haja sequer uma base temporal. Com isso, o cineasta transformou um estilo em sua própria narrativa, praticamente um “jeito Tarantino de fazer filme”. Esse estilo peculiar também fica mais evidente por outras características, como a violência mostrada em suas produções (para muitos, gratuita)s, que fica mais ressaltada através de seus personagens sanguinolentos e frios (mas sempre humanos), e também dos diálogos memoráveis que fazem inúmeras referências às obras de outros cineastas e também à cultura pop. Em uma cena no início do filme, por exemplo, o público se delicia com uma conversa informal entre Vincent e Jules sobre hambúrgueres – aliás, os mesmos criminosos que recitam versos bíblicos para executar seus devedores.

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Outra característica notável em Pulp Fiction é o humor negro. Tarantino faz uso dele para criar sequências arrebatadoras, tornando até mesmo atos odiosos em situações cômicas (suficiente para nos fazer amar seus personagens). Em uma das cenas mais surpreendentes, o carro dos criminosos é inundado por sangue e miolos após a arma de um deles acidentalmente disparar um tiro em um adolescente – algo que pega o espectador desprevenido de surpresa e se perguntando “mas… como?”. Também marca registrada de Tarantino, o bom uso da trilha sonora é frequente em Pulp Fiction. Seja nas sequências mais discretas, as músicas se encaixam de forma harmoniosa. Melhores exemplos são as duas cenas clássicas do longa: na primeira, Vincent e Mia dançando twist em um restaurante temático ao som de Chuck Berry; na segunda, nossa heroína (e talvez um dos melhores personagens femininos do cinema) tendo uma overdose após se deliciar ao som de Girl, You’ll Be a Woman Soon, de Urge Overkill.

No Festival de Cannes deste ano, Tarantino foi homenageado pelos 20 anos de Pulp Fiction – o diretor e o elenco estavam presentes, inclusive com a suspeita de um relacionamento entre Quentin e Uma Thurman. Também, no final de 2013, o longa foi listado entre os 25 filmes que serão preservados pela Biblioteca do Congresso Norte-Americano. A produção, que custou cerca de 8 milhões de dólares, alcançou mais de 200 milhões ao redor do mundo e deu um “up” considerável na carreira de seu elenco, formado por até então nomes desconhecidos (como Uma Thurman) e outros que enfrentavam certas dificuldades (Travolta e Willis, por exemplo) – o que também o torna, provavelmente, no melhor filme independente de todos os tempos. Um dos momentos mais impactantes dos anos 90 – e certamente uma das melhores produções dessa década –, Pulp Fiction continua gerando um número impar de citações (diretas ou indiretas), se tornando um fenômeno dentro das culturas pop e cinematográfica, assim como seu cineasta – praticamente um ídolo de nossa geração.

Afinal, “Artpop” é Digno de Aplausos?

Você pode até tentar ficar indiferente – mas é inegável que Lady Gaga é uma grande artista. Cá entre nós, em pouco mais de cinco anos, ela conseguiu o que muitas “divas” não alcançaram em décadas: ameaçar o posto de Madonna de “rainha do pop” – e, convenhamos, se Madonna não se cuidar, quem sabe… No sentido mais amplo da expressão, Gaga é uma artista completa – ainda que com várias deficiências – e acaba de entregar ao público o terceiro registro de sua carreira, o aguardado Artpop – que divide as opiniões e colocam em cheque toda a badalação em torno da cantora pop.

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Por que Artpop divide opiniões? Bom, os little monsters (como Gaga carinhosamente apelida seus fãs) consideram Artpop o álbum do ano – e uma das maiores realizações da cultura pop nos últimos tempos. A crítica, por sua vez, o classifica como um dos maiores fiascos da indústria fonográfica na  história. De fato, Artpop não é um trabalho totalmente inovador – chega a ser até mesmo “medíocre” (entendedores entenderão o que eu quero dizer com esse adjetivo – claramente, ele não vem como crítica). No entanto, mesmo os fãs mais afoitos deverão admitir que, apesar de toda sua propaganda artística, Artpop é um disco que tenta estar muito próximo à arte – mas essa aproximação só aparece no discurso. Na prática…


Para produzir e promover Artpop, Gaga escalou um time de peso. Entre os produtores, estão nomes como David Guetta (olha a farofa aí, gente!), will.i.am (pegada pop, hein?) e Rick Rubin – só para citar alguns. O artista norte-americano Jeff Koons é quem assina a capa do álbum – onde temos Gaga nua como uma nova Vênus, uma referência à tela clássica de Sandro Botticelli. A ideia por trás de tudo isso? Bom, Gaga pretende levar a arte à cultura pop, aproximar estes dois mundos que, apesar de parecerem próximos, são bem distintos. A pretensão de Gaga aqui é fazer com que o acesso à alta cultura seja mais simples – e, obviamente, nada melhor do que a música pop para fazer isso. No entanto, essa integração entre os dois universos ficou um tanto quanto superficial. Faltou alguma coisa – que você perceberá na primeira audição de Artpop.

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Não que Artpop seja ruim. Dizer isso a essa altura da carreira de um nome como Lady Gaga é, no mínimo, injustiça. Artpop é um álbum bom – se desconsiderarmos seu propósito, obviamente. Na verdade, estamos diante de um claro exemplo de como funciona a cena pop na atualidade: ao longo de 15 faixas, Gaga consegue produzir uma música de qualidade, deixando-a na frente de muitas de suas concorrentes. Aura, que abre o disco, lembra em muito a batida de Daft Punk e tem guitarras simulando o som de cítara – deliciosa. A pegada R&B do conjunto fica por conta das ótimas Sexxx Dreams e Do What U Want – esta última que conta com a participação de R. Kelly, formando um belo dueto.

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Venus, outra bela canção do álbum, vem recheada com um passado oitentista, explicitado pelo uso de sintetizadores. Dope, por sua vez, é a grande baladinha do disco, com seus acordes de  piano e uma bela interpretação vocal da cantora – música que talvez jamais imaginaríamos em um registro como este. Donatella (inspirada na estilista da Versace) tem uma ótima pegada urbana e também é uma grande surpresa do álbum. Menos inspiradora, no entanto, é a própria faixa título, que não chega a empolgar muito – ao menos, os ouvintes mais atentos e críticos.

Como produto final, Artpop é um álbum que mostra exatamente o que Lady Gaga é: uma artista que sabe ser artista. Vamos admitir: Gaga não é uma excelente cantora, não é ótima dançarina, não toca lá essas coisas nem compõe como uma poetisa. Mas como uma boa artista, ela pega tudo aquilo que sabe fazer satisfatoriamente bem e melhora para alcançar um status de “diva cool” que a galera descolada adora. Como muito de seus contemporâneos na música pop, Gaga sabe que imagem nesse mundo é tudo. Nesse propósito, Artpop é muito bom isoladamente, mas que se perde dentro dos rumos que pretende tomar e serve para mostrar que Gaga é uma grande home não apenas no palco – mas, principalmente, fora dele. Este é o grande mérito da cultura pop.

Teenage Dream: o Álbum Pop dos Sonhos

Katy Perry, a guria que beijou uma garota e gostou em seu primeiro álbum, lançou em 2010 o disco Teenage Dream, um dos álbuns mais vendidos daquele ano e que despontou nas paradas de sucesso em todo mundo. Agora, após 2 anos do lançamento original, Teenage Dream é relançado em uma versão de luxo, intitulada Teenage Dream: The Complete Confection. Tentativa de vender mais cópias aos fãs alucinados da cantora? Talvez. Afinal, Teenage Dream desde sua concepção é uma máquina projetada para fazer hits – e cumpriu muito bem este papel.

A nova capa para o relançamento de “Teenage Dream”. Agora, tudo está completo – ou não…

Das 12 canções do lançamento original, 6 viraram músicas de trabalho (California GurlsTeenage Dream, Firework, E.T., Last Friday Night e The One That Got Away). Entretanto, qualquer uma das faixas deste trabalho tem potencial e cara de single. O melhor exemplo é Peacock, um verdadeiro “hino” da cultura GLS indie-pop, que ganhou diversas paródias e, de longe, é uma das mais divertidas do álbum. Exatamente por essa razão, há quem considere Teenage Dream um típico disco pop comercial, recheados de hits que facilmente ficam na cabeça. Mas não é o caso. Teenage Dream é infinitamente mais.

Depois do sucesso de seu primeiro registro, One of The Boys, muita gente duvidava de Katy. Houve quem acreditasse que ela seria um sucesso passageiro e não passaria pela conhecida maldição do segundo disco. Mas Teenage Dream conseguiu superar todas as expectativas e frustrar os críticos de plantão. O álbum por si só reflete todo o amadurecimento de uma garota que deu voltas e mais voltas para se tornar a diva pop de hoje. Para se ter idéia, você imagina que a garota que quer ver o que o cara esconde embaixo da cueca é filha de pastores e chegou a gravar um CD gospel?

Há vários fatores que contribuem para que Teenage Dream seja um álbum infinitamente melhor que o de muitas divas pop atuais. Para começar, as letras são deliciosamente divertidas – mas nunca “fúteis”. Elas alternam entre períodos agitados e safados (como na irreverente Peacock) e lentos e românticos (como em Not Like The Movies), e contam divertidas situações que envolvem os sonhos de qualquer garota comum.

Em relação à musicalidade, Teenage Dream é agitado e dançante, mas mantém um ar meio retrô devido, sobretudo, à utilização de sintetizadores. E, como já mencionado, cada faixa por si poderia render um texto a parte. A única falha aqui é que até a oitava canção o álbum beira a perfeição – enquanto a partir daí, o disco entra em um marasmo e chega a ser deveras cansativo. Não que as faixas sejam ruins – só estão mal inseridas. Há quem, inclusive, considere Teenage Dream dois álbuns em um: o primeiro primoroso e o segundo tediante (a partir de E.T. que me lembra vagamente uma música daquela dupla T.A.T.U., não sei explica bem…).

Entretanto, o que mais contribui para fazer de Teenage Dream um dos melhores registros pop de todos os tempos é a própria Katy Perry. Diferente da maioria das cantoras famosas como Britney, Ke$ha, Hillary Duff e muitas outras, Katy é dona de uma voz deliciosa (apesar de ser fraquinha ao vivo) e um sex-appeal invejável. Teenage Dream é, desta forma, tão doce e sensual quanto a imagem de Katy nua sobre as nuvens de algodão da capa do disco.

Não, eu não vou comentar mais nada…


Teenage Dream
é uma verdadeira sinfonia pop. A versão de luxo ainda inclui alguns remixes dos principais hits e a exclusiva Part of Me, mais um single que também é um presente para os fãs. Teenage Dream tem grandes méritos dentro daquilo para o qual foi concebido: divertir. É assim como a maioria dos discos pop: música para o corpo, não uma infinidade de interpretações típica de grandes pensadores. Bom, quer dizer, até você, marmanjo, pode pensar em muitas coisas ao ver a capa ou as fotos do encarte, né? Okay, parei… Definitivamente, Teenage Dream é o álbum dos sonhos de muita cantora por aí…