A Noite é Delas (Rough Night)

Em Se Beber, Não Case, um grupo de amigos vai a Las Vegas para uma despedida de solteiro. Eles brindam no terraço de um luxuoso hotel quando, em uma sacada genial de roteiro, a narrativa pula para a manhã seguinte, quando o caos da noite anterior já está instaurado. A Noite é Delas é uma versão feminina da primorosa comédia de Todd Phillips: cinco amigas se reúnem durante um final de semana em uma casa de praia em Miami para a despedida de solteira de uma delas. As coisas saem do controle, contudo, quando elas matam acidentalmente um suposto stripper.

O filme escrito (em parceria com Paul W. Downs) e dirigido pela diretora Lucia Aniello, entretanto, não consegue o mesmo êxito que o seu par temático masculino. Está, infelizmente, muito longe dele. Não porque a proposta, em si, já é batida (a antiga tese de que não há nada tão ruim que não possa ser piorado), mas porque simplesmente A Noite é Delas se perde em uma tentativa vã de se estabelecer como uma comédia “adulta” com visível apelo feminista quando, na verdade, seu argumento não vai além de um besteirol moderno. A história começa bem, mas aos poucos a comicidade se esvaece e o roteiro recorre a soluções tão fáceis e triviais que são incapazes de convencer o espectador por completo.

É inegável que a figura feminina passa por uma transformação no cinema: cada vez mais, a mulher ganha espaço e destaque, sua voz é ouvida com mais atenção, inclusive fora das telas (sempre aparece alguma atriz clamando – justamente – por cachês semelhantes aos de atores nas mesmas condições). Mas colocar meia dúzia de mulheres como protagonistas e mais um punhado de personagens masculinos babacas não é a garantia de que um filme é, de fato, feminista. É preciso desenvolver minimamente sua ideia de maneira contundente ou pelo menos tê-la definida. Massacrado pela crítica e fracasso de bilheteria nos EUA, A Noite é Delas é o segundo deslize de Scarlett Johansson no ano. Ok, não vamos pegar pesado: A Noite é Delas não pretende em nenhum momento promover algum debate sobre o papel da mulher em nossa sociedade contemporânea e blá blá blá – mas já que se propõe a nos fazer rir, bem que poderia ser melhorzinho…