Belle e Sebastian (Belle et Sébastien)

Em uma vila nos Alpes Franceses, em 1943, um garoto de seis anos chamado Sebastian vive solitário, com a esperança de um dia reencontrar sua mãe. Ele não frequenta o colégio e ajuda a jovem Angelina e o rabugento César, que cuidam do menino, em pequenas tarefas diárias, como apascentar os animais do rebanho. Em meio ao terror da ocupação nazista naquela região durante a Segunda Guerra Mundial, Sebastian encontra nas montanhas um cão selvagem, com quem irá estabelecer fortes laços de amizade. No entanto, o cão é acusado injustamente de atacar os animais dos pastores da região e Sebastian terá de proteger seu amigo das mãos dos demais moradores. Esta é a premissa do comovente Belle e Sebastian.

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Sebastian é um excluído não pelas demais crianças, mas por si mesmo. Sua frustração é nunca ter conhecido sua mãe e viver na constante promessa de César de que um dia ela virá. Bell, por sua vez, é um cão maltratado (evidentemente), que tenta cuidar de si mesmo. Ambos os personagens vivem em um ambiente hostil – e talvez a necessidade um do outro é que torna o vínculo entre os dois tão forte. A cena do primeiro encontro entre eles é crucial para exemplificar isso: se no início ambos são inseguros e demonstram medo um do outro, um simples ato de bondade entre eles é capaz de torna-los próximos. Mais tarde, a sequência em que estão se banhando no rio é intensamente bela, representando a nova vida que ambos terão pela frente.

A fotografia da produção é, no mínimo, exuberante e o espectador é quase transportado àquela época. As locações são primorosas e os ótimos planos da câmera de Vanier conseguem captar a beleza de cada ponto da região através de suas lentes. Da mesma forma, a doce trilha sonora (por vezes um pouco “melosa” demais) contribui para o andamento da narrativa, sendo indispensável em todos os momentos em que está inserida na trama. Quanto às atuações, poucos destaques – com exceção de Félix Bossuet, simplesmente uma fofura de criança na pele do pequeno Sebastian, transmitindo todas as nuances de sua personagem e com uma ótima interação com o animal.

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Bell e Sebastian é inspirado em um dos maiores clássicos da literatura europeia, o livro de Cécile Aubry, que já foi adaptado para a TV na década de 60 e também virou animação japonesa em 1981. Com muita sensibilidade, a trama ainda abre espaço para outros personagens, com dramas menores, mas ainda assim interessantes (como o médico que arrisca sua vida para ajudar judeus a cruzarem a fronteira, um homem defrontando seu passado ou o militar alemão que tenta mostrar seu “lado humano” e ser perdoado). Mas não tem jeito: em um cenário como este, é a amizade entre o cão e a criança que acaba se sobressaindo e emocionando a plateia.

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