A trama de Para Sempre Alice acompanha uma renomada doutora de linguística e mãe de família exemplar que é diagnosticada com uma espécie precoce de Alzheimer. Ao longo da fita, o público acompanha a luta diária de Alice contra sua doença, o abandono de suas funções acadêmicas e a busca de apoio no relacionamento com o esposo e os filhos.
Para Sempre Alice é um drama que gira em torno da atuação de sua protagonista, a sempre competente Julianne Moore – não à toa, seu trabalho lhe rendeu sua quinta indicação ao Oscar e Moore é apontada como a favorita ao prêmio deste ano. Julianne carrega no olhar todo o sofrimento de sua personagem (aliás, é incrível a capacidade da intérprete de se comunicar com o olhar), que se vê gradativamente perdendo tudo aquilo que conquistou: Para Sempre Alice é um filme sobre as perdas irreparáveis da vida. Curiosamente, no entanto, Alice não me parece a melhor performance de Moore; particularmente, acredito que a atriz já teve outros momentos tão ou mais empolgantes quanto este (Julianne passou desapercebida, por exemplo, com seu ótimo papel em Mapas Para as Estrelas). A parte disso, os demais nomes do elenco são competentes, desde o veterano Alec Baldwin até Kristen Stewart, que desponta como uma grata surpresa no longa. Arriscaria dizer que, em um ano em que Emma Stone ganhou uma indicação ao Oscar de melhor coadjuvante com um tipo morno em Birdman, Kristen poderia facilmente estar na disputa.
Com um roteiro que foge de soluções fáceis ou melodramáticas, Para Sempre Alice é, no entanto, até mesmo anticlimático: talvez por sua abordagem deveras delicada, não há grandes momentos de explosão dramática capazes de arrebatar o público. É um filme que constrói sua narrativa aos poucos, à medida que acompanhamos a trajetória de nossa heroína – o que inevitavelmente causa alguns instantes de monotonia. A direção objetiva e razoavelmente simples da dupla Wash Westmoreland e Richard Glatzer (este último que também sofre uma doença degenerativa) entrega uma obra apenas mediana, que só fica maior por conta de Julianne Moore, que é o centro de tudo o que acontece aqui – até mais do que sua própria personagem.