Estamos em um condomínio próximo à cidade de Buenos Aires, em um bairro aparentemente de classe média. É nesse cenário que alguns fatos isolados (inclusive um blackout) começam a acontecer e abalar a tranquilidade dos moradores daquela região.
Esta é a sinopse de Bem Perto de Buenos Aires, produção argentina com pouco menos de uma hora e meia que chegou esta semana às salas de cinema do país. O longa de estreia de Benjamín Naishtat, no entanto, se revela um filme enfadonho, cansativo e desestimulante, à medida que trabalha em uma espécie de loop infinito onde nada significativamente importante acontece. Ou melhor: o cineasta foge da receita tradicional “começo, meio e fim” dos acontecimentos – e, como consequência, o espectador se sente perdido, tentando a todo momento encontrar sentido no que vê em tela. É como se a proposta não fosse explicar os fatos, mas apenas mostrar o comportamento dos personagens em relação a eles e, assim, o suspense é frustrado a todo instante.
Confesso que procurei na rede algumas críticas sobre o longa – pois tive todas as dificuldades possíveis para digerir a narrativa estendida do cineasta. Apesar de muitos veículos fazerem mil teorias a respeito, confesso que não me senti nem um pouco à vontade com a fita. Os diálogos são pequenos mas estendidos, como se para criar um falso clima “culto” – mas sem a menor profundidade. O diretor recorre a inúmeros pontos onde o silêncio predomina – e, dessa forma, também o marasmo, que permeia todo o filme, acentuado por uma fotografia muito pouco atraente e uma trilha sonora fraca.
Assisti a Bem Perto de Buenos Aires em sua noite de estreia, em um cinema de rua razoavelmente bem frequentado, em uma sessão com pouco mais de 20 pessoas. Antes do fim da primeira parte da projeção, metade delas já havia desistido e deixado o recinto. Eu continuei lá, firme e forte, esperando que algo acontecesse na película – mas nada interessante realmente aconteceu e isso me frustrou. Bem Perto de Buenos Aires pode ter todas suas falsas pretensões – o próprio título original (Historia del Miedo) é muito mais sugestivo do que sua péssima tradução – , mas falha ao tentar trabalha-las, entregando um filme totalmente descartável e que não desperta qualquer interesse.