“Um Doce Refúgio”: Por Que Abandonar os Sonhos?

Escrito, dirigido e protagonizado pelo francês Bruno Podalydès, Um Doce Refúgio narra a história de Michel, um artista gráfico bem-sucedido que trabalha com seu irmão e leva uma rotina pacata ao lado de sua esposa Rachelle (Sandrine Kiberlain). Mas, ao que tudo indica, Michel não está muito contente com os rumos que sua vida urbana está tomando – e mais do que isso: ele está cansado de sua própria existência. Michael nutre uma paixão: o mundo aeronáutico e a ideia de pilotar um avião (apesar de nunca ter tido tempo para se dedicar à empreitada). Ao descobrir ao acaso que a engenharia de um caiaque é muito semelhante à de uma aeronave, o cinquentão resolve comprar este “enorme” objeto (sem que ninguém saiba) e embarcar em uma viagem solitária, porém repleta de autodescobertas.

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Contando com a fotografia cheia de vida da talentosa Claire Mathon (de Um Estranho No Lago e Meu Rei), Um Doce Refúgio é um filme que revela seu protagonista aos poucos. Michel é um tipo que vai se mostrando ao longo da narrativa: ele busca a felicidade que abandonou anos atrás no exato instante em que deixou de lados os seus sonhos. Apesar do tom cômico, no entanto, Um Doce Refúgio tem uma ponta de melancolia: é como se o cineasta nos fizesse entender que perdemos nossa essência a partir do momento em que deixamos de sonhar. Procurando fugir da crise existencial que está quase o alcançando, Michel parte em seu caiaque em uma aventura repleta de encontros inesperados, que tornam Um Doce Refúgio uma obra cheia de encantos, ainda que não seja memorável.

Apesar de tecnicamente bem estruturado, Um Doce Refúgio é irregular em seu argumento, com algumas sequências visivelmente arrastadas e que pouco agregam ao todo, fazendo com que o espectador às vezes se disperse. Ainda que o elenco seja competente, a direção de Podalydès não consegue manter a agilidade da fita e com isso algumas pontas vêm à tona. Não que estas deficiências atrapalhem totalmente esta experiência: Um Doce Refúgio nos ensina que o que vale é ser feliz, não importa como. Nunca é tarde para corrermos atrás dos sonhos – o que é inadmissível é deixarmos a vida passar diante dos nossos olhos e simplesmente sermos coadjuvantes de nossa própria história. Esta é a maior mensagem de Um Doce Refúgio – uma pena o filme não ser assim tão grande…

Um pensamento sobre ““Um Doce Refúgio”: Por Que Abandonar os Sonhos?

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