O Sono da Morte (Before I Wake)

Confesso que mantenho certa apreensão com longas sem gênero muito bem definido ou que são vendidos de uma forma quando, na verdade, é outra. Este para mim foi o maior “deslize” de O Sono Da Morte. Distribuído erroneamente como um “filme de terror” (apesar dos protestos do diretor Mike Flanagan), as reviravoltas do roteiro incomodam um pouco: ora drama familiar, ora fantasia, daí vem um suspense para dar uma equilibrada, uns sustos básicos para fazer o espectador permanecer acordado – e tudo isso de maneira atabalhoada e sem muita preocupação com a coerência narrativa.

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Sejamos honestos: a ideia de trazer como pano de fundo o misterioso universo dos sonhos é boa. Aliás, o tema é constante em obras de terror – uma das melhores franquias do gênero, A Hora do Pesadelo, por exemplo, utiliza-se desta premissa. E O Sono da Morte vinha sendo bastante aguardado pelos fãs deste tipo de cinema, principalmente pela presença de Jacob Tremblay (de O Quarto de Jack) – na trama, o ator mirim é Cody, um garoto cujos sonhos e pesadelos se tornam reais enquanto ele dorme. Adotado por um jovem casal que acabara de perder o filho da mesma idade em um trágico acidente, Cody (que já tivera um passado turbulento) se adapta bem à nova família, mas seu dom poderá colocar a todos em risco.

O título nacional (e para lá de apelativo) engana: O Sono da Morte não é um terror. A trama é bem conduzida até certo momento, mas depois acaba se entregando aos vários clichês dos inúmeros gêneros que tenta abranger. Não existe equilíbrio: as mudanças no enredo são abruptas. Para além disso, os efeitos especiais quebram muito o clima da história. A concepção visual é interessante (valorizada muito pelos enquadramentos e movimentos de câmera), mas o CGI parece ser fruto de um orçamento curto ou mesmo uma pós-produção precária. Definitivamente, é o aspecto técnico que mais decepciona na obra.

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Com um péssimo marketing, O Sono da Morte não é totalmente descartável e merece, sim, ser conferido. Talvez o maior motivo seja realmente o encantador Jacob Tremblay – muito antes de arrancar suspiros em O Quarto de Jack. Torçamos para que ele não se perca ao longo de sua carreira, pois talento o pequeno tem e de sobra (não à toa, ele deixa os veteranos Thomas Jane e Kate Bosworth no chinelo a cada aparição). Só não espere assistir a um belo exemplar do cinema de terror porque você ficará decepcionado: O Sono da Morte é drama, emoção, fantasia, suspense, tudo isso – menos aquilo que ele se diz ser.

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