Há um momento na vida em que os anos passam, a idade chega e é inútil lutar contra o tempo. Em Hollywood, não é muito diferente. Grandes astros vêm e vão, alguns ficam mais em evidência do que outros, mas conforme o tempo vai passando aqueles que viviam de glórias passadas acabam dando espaço para os rostos mais jovens. Kevin Costner, quase uma unanimidade na década de 90 (e que devido ao seu ego inflado teve sua imagem desgastada nos anos seguintes) tem hoje a difícil tarefa de se manter na indústria cinematográfica – e 3 Dias Para Matar vem aí para provar que o ainda há espaço para os “tiozinhos” no cinema – mas não muito.
A trama de 3 Dias Para Matar acompanha o agente da CIA Ethan Renner, que após uma missão fracassada, descobre que tem um câncer cerebral, o que lhe dá uma estimativa de vida de cerca de três meses. De volta a Paris para tentar reatar os laços com sua ex-esposa e, principalmente, sua filha adolescente, Ethan é abordado por Vivi Delay, uma funcionária do alto escalão da CIA, que lhe oferece uma droga alternativa capaz de lhe dar algum tempo a mais de vida. No entanto, em troca do tratamento, a mulher exige que Ethan aceite uma última missão.
Dirigido por McG (da sequência As Panteras e do mais recente Guerra é Guerra) e com o roteiro escrito por Luc Besson (um especialista do gênero de ação), 3 Dias Para Matar é um filme que nos dá uma sensação de “eu já vi isso em algum lugar…” a todo o momento – e a razão é simples: é um filme repleto de clichês, onde tudo parece favorecer uma narrativa pra lá de previsível.
Alternando entre ação, drama familiar e comédia, ironicamente o filme se sai melhor neste último quesito. Não que seja de um humor muito apreciável: o problema está nas cenas de ação nada empolgantes ou no drama que nunca é aprofundado e serve apenas como pretexto da história. As atuações também não colaboram e o próprio protagonista da trama não possui muita empatia. Kevin Costner parece estar com uma batata quente na boca, visivelmente pouco à vontade com o que acontece a sua volta. Amber Heard, a agente misteriosa e sexy que aparece do nada e sai de cena da mesma forma que entrou, é só uma justificativa para se colocar uma “loira boazuda” na produção.
Mas em meio a tudo isso, é preciso admitir: 3 Dias Para Matar, ainda assim, é um filme que agrada – e agrada porque é despretensioso, é leve e se revela um bom entretenimento para a grande massa. Não à toa, 3 Dias Para Matar tem se saído muito bem nas bilheterias norte-americanas (o suficiente pelo menos para se pagar, o que nos dias atuais já é um grande trunfo). Com uma qualidade inferior a outras grandes produções do gênero, para um espectador mais “cinéfilo”, 3 Dias Para Matar peca principalmente em dois pontos: em sua duração, prejudicada por um excesso de cenas desnecessárias e que não trazem nenhum significado à trama, sendo totalmente dispensáveis; e, principalmente, sua falta de rumo – como já mencionado, o filme oscila entre diversos gêneros, mas sem obter grande êxito em nenhum deles.