Hoje percebi que as coisas mudaram mesmo: levei minha sobrinha de 11 anos ao cinema. Enquanto eu queria assistir a versão live-action de Cinderela, a guria preferiu o sétimo filme da franquia Velozes e Furiosos. Banquei de bom tio, fiz um esforço e, para minha surpresa, me deparei com uma produção que, apesar de não ser um primor cinematográfico, foi um ótimo entretenimento – o que é, na verdade, a sua verdadeira proposta.
Fato: Velozes e Furiosos 7 é o melhor filme de uma série que, cá entre nós, nunca foi lá essas coisas. Não desmereço produções com esta “pegada”, não mesmo – porque, como mencionei acima, a proposta aqui é o entretenimento. Porém há de se admitir que Velozes e Furiosos há muito tempo deixou de ser uma história sobre carros e rachas nas ruas e se tornou uma franquia de ação, com direito a tudo o que é próprio do gênero: tiro, porrada e bomba. E aqui não é muito diferente: Velozes e Furiosos 7 é justamente isso, mas com um agravante: a insensatez do roteiro de Chris Morgan e Gary Scott Thompson.
Okay, não vamos esperar que um longa como este tenha algum compromisso com a realidade. Sabemos que os mocinhos vão apanhar e nunca sentir dor, que eles vão desviar de todos os tiroteios, que eles cairão do penhasco, sofrerão acidentes de carros e tudo mais e sairão ilesos, sim, é verdade. Mas Velozes e Furiosos 7 é, disparado, o filme mais exagerado, absurdo e insano de todos. Nós sabemos que é justamente isso que fez a fama deste projeto – mas não há o menor senso de realismo aqui. Gravidade? Leis da física? Esqueça, meu amigo! Nada do que você aprendeu no colégio serve para alguma coisa.
Há cenas de diversos tipos, como se o diretor quisesse extrair tudo de todos os lugares: tem sequências na floresta, no deserto, no ar, nas ruas, internas – tudo com seus excessos e anabolizantes. Todas elas, claro, com muita pancadaria, perseguição e alguma dose de humor. Mas há também os momentos “ternura” da trama, com espaço para romance, amostras grátis de fidelidade e amor aos amigos e, claro, à família – lema do personagem de Vin Diesel desde sempre. Aliás, em Velozes e Furiosos 7, a equipe de Dom é ameaçada por um novo vilão, Shaw (o ótimo Jason Statham, estreando na série), que chega na história para vingar a morte do irmão, vilão do filme anterior. Daí, obviamente, Dom convoca a turma toda (juntamente com Kurt Russell, mais uma boa adição ao elenco) e parte pra vingança. Ou seja, tudo o que o povo gosta!
Velozes e Furiosos 7 foi bem recebido pelos fãs e pela crítica – e seu sucesso é justo. Dentro deste universo “testosterona” (carros “tunados”, mulheres seminuas, brigas de rua e etc.), Velozes e Furiosos 7 se encontra em uma confortável posição, pois é repleto de ação de tirar o fôlego e cenas com pura adrenalina, que escondem até mesmo seus pequenos defeitos (como a fotografia escura e a edição meio atropelada, mas está valendo). De quebra, ainda tem uma bela (e brega, convenhamos) homenagem a Paul Walker, ator que morreu durante as filmagens da fita (ironicamente, em um acidente de carro). Velozes e Furiosos 7 é entretenimento na medida certa para o público e emoção garantida para os fãs da saga.