Parceiras Eternas é o filme de estreia da cineasta Susanna Fogel, cuja trama apresenta duas amigas inseparáveis, de personalidade bastante distintas, cuja cumplicidade é colocada à prova quando uma delas se apaixona. Mais do que isso: as duas estão naquela difícil fase da vida em que algumas decisões devem ser tomadas – e, por mais que lutem contra isso, elas precisam amadurecer e assumir novas responsabilidades.
O tema pode não parecer muito novo ao espectador. Parceiras Eternas é um filme que, antes de tudo, fala sobre mudanças – e como nós lidamos com elas. A abordagem é leve, o que traz certo alívio para questões que, em outras circunstâncias, seriam tratadas com maior “seriedade”. Talvez o único “porém” é o fato de a narrativa não se aprofundar o suficiente, o que faz com que o drama permaneça na superficialidade; e tampouco tem aquele tom “fofo”, típico de filmes teens (as próprias protagonistas já são jovens em período de “maturidade”), embora traga certa identidade à obra.
Vale destacar positivamente em Parceiras Eternas o bom trabalho do elenco. Leighton Meester, que ficou conhecida no seriado Gossip Girl, é excepcional no papel da lésbica que fica com ciúmes da amiga e não consegue manter nenhum relacionamento mais sério. Gillian Jacobs interpreta Paige, a companheira mais “centrada” da relação – aquela que sabe que precisa “crescer”, mesmo que isso não seja necessariamente o que mais deseja (a sequência em que a mãe se recusa a pagar a conta no restaurante exemplifica bem esse ponto). Ambas demonstram boa química juntas – a cena inicial é ótima! – e conseguem entregar boas performances, principalmente nos trechos de maiores alterações emocionais de suas personagens. O galã Adam Brody (que há muito tempo já demonstra ser mais que um rosto bonito) faz um tipo interessante, que começa meio estereotipado mas cresce ao longo da fita, se tornando crucial para o andamento da película e seu desfecho.
Como um todo, Parceiras Eternas é uma experiência que pode ser conferida sem medo – e dificilmente você sairá decepcionado do cinema. Mas é apenas um momento e nada além disso. O filme vai te trazer algumas sequências engraçadas e até te fazer pensar na vida em alguns instantes, mas infelizmente é incapaz de produzir uma reflexão mais expressiva porque a ideia não foi totalmente aprofundada. Uma pena. Há até quem diga que Parceiras Eternas poderia ter explorado mais a personagem de Meester e adentrar o universo LGBTQIAP+ – o que, honestamente, seria desnecessário se o argumento fosse melhor desenvolvido.