Recentemente tive a oportunidade de assistir no cinema ao clássico O Exterminador do Futuro, filme originalmente lançado em 1984 e dirigido por James Cameron – na época, um sucesso de público, capaz de revitalizar a carreira do brutamontes Arnold Schwarzenegger e gerar uma continuação elogiada (na década seguinte, com O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, um dos poucos casos em que a sequência é superior ao primeiro longa). A experiência que tive, apesar de não ser grandiosa, foi curiosamente satisfatória – uma vez que eu particularmente não sou um fã deste gênero -, mas me preparou para encarar a difícil empreitada de conferir a estreia de O Exterminador do Futuro: Gênesis.
Já de cara adianto: O Exterminador do Futuro: Gênesis é uma produção que tende a agradar o espectador comum. Falo isso assim porque quero me eximir de quaisquer comentários dos quais possa ser alvo ao questionar a qualidade do filme – porque a verdade é que Gênesis está longe de ser memorável. A trama nos leva ao ano de 2029, quando o líder da resistência humana John Connor envia o sargento Kyle Reese de volta a 1984 para proteger Sarah Connor e, consequentemente, salvaguardar o futuro (basicamente, a mesma premissa da primeira fita). No entanto, uma linha do tempo fragmentada é criada no meio deste percurso, transportando Kyle a uma versão desconhecida do passado e com uma nova missão nas costas: redefinir o futuro.
Gênesis se inicia razoavelmente bem, com uma sequência ótima de ação, devo admitir, que é visualmente empolgante e acerta em cheio ao recriar um futuro catastrófico e apocalíptico – a atmosfera apresentada é bastante convincente e consegue cumprir sua proposta. O problema é que a partir daí Gênesis gradualmente vai se perdendo, a narrativa vai ficando pouco crível e a única coisa realmente interessante são as referências aos dois primeiros filmes da franquia (em um visível esforço do roteiro em revisitar este universo). Com isso, é um vai-e-vem de timelines, personagens que ora são bons, ora são maus, muita história, muita enrolação… e Gênesis se enfraquece. E nem mesmo as cenas de adrenalina (com muito tiro, porrada e explosão) e os efeitos especiais bem elaborados (que geraram até mesmo um Schwarzenegger mais jovem, como há mais de trinta anos atrás) foram o suficiente para amenizar a barra que é engolir mais de duas horas de filme.
Não que não haja alguns pequenos acertos isolados. O diretor Alan Taylor é competente nas cenas de ação (que não impressionam, mas sim, funcionam) e nos gags de humor – praticamente sob responsabilidade do carismático Arnold que, com quase setenta anos, mostra boa forma e desenvoltura diante das câmeras (apesar de sua personagem repetir exaustivamente a mesma piada, mas está valendo…). Emilia Clarke, com seu físico franzino, também consegue emular bem a saudosa Sarah Connor, mas nada que a faça competir com a eterna Linda Hamilton (ex-esposa de Cameron – que teria perdido os direitos da franquia junto com o divórcio). Mas uma coisa é certa: Alan Taylor não é James Cameron – e isso é crucial para o resultado final. O cineasta tem um currículo invejável na televisão: entre seus títulos, basta citar a oitava fase de Família Soprano e a primeira e segunda temporadas de Game of Thrones (provavelmente uma das melhores séries da atualidade). Porém, o cara ainda deixa a desejar no cinema. O Exterminador do Futuro: Gênesis tem lá suas qualidades, seus bons momentos – mas é nítido que uma direção mais experiente e segura fariam dele um filme melhor.