Cá entre nós: Ted, de 2012, nunca foi lá um grande filme. Ok, tinha umas piadas bem sacadas, um elenco razoavelmente em sintonia e até um bom argumento – mas seu sucesso se deve muito mais à novidade do projeto (e do personagem principal, obviamente) do que pelo longa em si. Por isso, admito que me surpreendi quando anunciaram uma continuação para a história. E assim, estréia essa semana Ted 2 – mais um título que figura na lista de sequências desnecessárias.
Ted (o ursinho de pelúcia politicamente incorreto e viciado em maconha, para citar algumas de suas “qualidades”) está casado com Tami-Lynn, porém o casamento vai de mal a pior. Para salvar a relação, os dois decidem adotar uma criança (já que, como brinquedo que é, Ted não pode engravidar sua esposa – e mesmo se o pudesse fazer, Tami é estéril). A idéia esbarra em um problema: aos olhos da lei, Ted é apenas um “objeto”, daí ser considerado uma propriedade. Diante disso, o boneco crava uma acirrada disputa judicial para provar que não é um simples brinquedo e conquistar os direitos civis que possuía até aquele momento.
A verdade é que Ted 2 tem potencial, utilizando-se de todos os mesmos recursos de seu antecessor. Já de cara, há inúmeras referências à cultura pop, especialmente sobre séries e filmes (Star Wars versus Star Trek – boa!), todas revestidas de um humor negro que já imperava na fita anterior. Visualmente, é ainda admirável o fato de que esta é uma das produções onde realidade e animação são os mais próximos possíveis: Ted parece real – e, por incrível que pareça, Mark Wahlberg tem uma química bacana em cena com o urso. Os dois, definitivamente, são melhores amigos e isso contribui para que o Ted se torne um personagem cada vez mais humano.
No entanto, tudo o que o filme podia ser não foi – e ao longo de quase duas extensas horas, o espectador se cansa do roteiro arrastado e sem rumo definido. Outras escolhas acabam não sendo muito interessantes também, como o uso do mesmo vilão e a personagem de Amanda Seyfried – chatíssima e muito longe de ter a presença feminina da estonteante Mila Kunis. Mas talvez o maior erro do filme de Seth MacFarlane seja ter sido produzido. O impacto não se repetiu aqui e a originalidade, é claro, já não existe. A comédia falha: as piadas ficam escassas, fracas e pouco atraentes – e por mais que o longa seja “bonitinho”, ele já não tem aquele poder de chocar o público. É como se Ted 2 ficasse mais “sério” – o que faz com que ele perca ligeiramente o encanto inicial.