Costumo dizer que, para mim, uma das melhores coisas após um longo período assistindo filmes “sérios” é embarcar em alguma produção sem nenhum compromisso e que não me exija muito – justamente para não ter que me doar por completo com e para até, quem sabe, ser surpreendido. Chega até a ser prazeroso – não à toa, o termo guilty pleasure é comumente associado a esse tipo de filme “ruim” mas que, por algum motivo, acaba nos agradando. Como Sobreviver a um Ataque Zumbi se encaixa perfeitamente nessa categoria.
A trama gira em torno de três amigos adolescentes, escoteiros desde crianças, que estão passando pela difícil fase do “amadurecimento” – e aqui, já encontramos os estereótipos mais comuns nessas comédias: o garoto que só pensa em mulher e sexo; o gordinho desajeitado que parece não amadurecer jamais; e um jovem tímido apaixonado pela irmã do outro companheiro. Enquanto dois deles já se cansaram do escotismo e pensam em abandonar a atividade, o outro se sente traído – e, é claro: a amizade do trio fica abalada. No entanto, as diferenças entre eles são postas de lado quando a cidade em que vivem é infestada por uma epidemia zumbi.
Sim, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi é um típico besteirol norte-americano, mas está longe de ser assim tão péssimo quanto pode parecer à primeira vista. Para começar, um ponto que favorece muito o longa de Christopher Landon é o fato de a projeção não ser extensa: apenas uma hora e meia é o bastante para o desenrolar da história. Está certo que o roteiro recorre a um punhado de clichês narrativos; entretanto, há alguns momentos que valem o ingresso e é possível até esboçar algumas boas risadas (por exemplo, você conseguiria imaginar um morto-vivo cantando Britney Spears? Pois é, isso acontece aqui!).
Também temos que entender que a trama não exige atuações espetaculares. Na verdade, ela até sobrevive de performances bizarras que dão todo o tom de “insanidade” que é a proposta da fita. Nesse ponto, vale a pena observar o carisma e a boa química do elenco formado por Tye Sheridan, Logan Miller e Joey Morgan. De resto, tirando o uso abusivo de piadas de caráter sexual ou escatológico (às vezes desnecessárias), Como Sobreviver a um Ataque Zumbi é o tipo de filme que centraliza sua força justamente ao abordar o grotesco, o bizarro, o escroto. Então, se você for ao cinema com alguma pretensão, esqueça: não é indicado para você. Do contrário, não tem jeito: embarque no absurdo e tenha alguns instantes de risadas garantidas com um filme que é ruim – e por isso mesmo, a gente gosta…