Drama Dinamarquês “Guerra” é Mais do Mesmo

Os filmes de guerra ambientados no Afeganistão e Iraque surgiram aos montes nos últimos anos – e, salvo algumas poucas exceções, não trazem propostas muito diferentes entre si. Muda-se uma situação, talvez, mas a premissa é sempre a mesma: um grupo de soldados na efervescência da guerra e um ou outro questionamento pessoal a ser tratado. Na realidade, este é um gênero que, cá entre nós, precisa ser reinventado urgentemente. No caso de Guerra, temos Claus M. Pedersen, um comandante dinamarquês à frente de uma patrulha de paz no Afeganistão – o que, por si só, já não é uma situação fácil. Para piorar, sua esposa está em casa lutando diariamente para criar os três filhos que sentem a falta do pai como nunca antes.

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E assim Guerra segue a mesma linha de tantos outros. Oscila seu roteiro entre as sequências de batalha e as cenas de drama familiar de forma bastante equilibrada, mas sem apresentar nada muito novo. Em alguns momentos, por exemplo, é impossível não associar a produção nórdica a títulos como Sniper Americano ou Guerra ao Terror (talvez o mais expressivo produto desse tipo que, em 2010, faturou 6 estatuetas do Oscar). É como se Guerra fosse, na verdade, pedaços de várias outras obras do gênero juntas em um único lugar. O que talvez destaque ligeiramente o longa de Tobias Lindholm é sua mudança de tom a partir da segunda metade da fita: por conta de uma decisão equivocada em meio ao terror de uma batalha, a ética de seu protagonista é superficialmente questionada – e aí Guerra se transforma em uma narrativa de tribunal. É quando se abre uma ponta para se discutir a questão dos direitos humanos durante os conflitos armados – e é impossível não criarmos inúmeros paralelos com casos que vemos aos montes por aí. Mas é apenas isso e Guerra pára por aí. Apesar de muito bem produzido (com uma fotografia que praticamente insere o espectador dentro da trama e um protagonista competente), Guerra é incapaz de marcar quem quer que seja devido à sua sobriedade e falta de ousadia – limitando-se apenas a ser mais um filme de guerra e nada além disso.

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