“Death of a Bachelor”: P!ATD se Reinventa em Novo Álbum

Há mais de uma década, o Panic! At The Disco surgia e, dentre os vários artistas de sua época (que dominaram o que podemos chamar de “onda emo” dos anos 2000) a banda liderada por Brendon Urie facilmente se destacava. Seja por suas apresentações pomposas, pela versatilidade das canções e discos ou simplesmente pela irreverência de seu frontman, é fato que o P!ATD foi uma das poucas e gratas surpresas daquele período que ainda continua sendo relevante no cenário fonográfico atual, ao ponto de lançar um álbum que há tempos esperávamos: o elogiado Death of a Bachelor.

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A impressão que temos ao ouvir aos trabalhos do Panic em sua ordem cronológica é a de que os rapazes estão sempre “à procura da batida perfeita”. Único integrante remanescente da formação original, Brendon hoje parece se sentir à vontade para criar aquele que é, provavelmente, o disco mais redondo da banda desde seu debut. Não que aquilo que veio após o inigualável A Fever You Can’t Sweat Out não tenha qualidade ou sua devida importância na carreira dos caras. Muito pelo contrário: todos foram necessários para criar a identidade do grupo que, sem sombra de dúvidas, é um caleidoscópio de referências e citações – e exatamente por isso tão preciosa. Mas Death of a Bachelor, ainda que (bem) diferente do primeiro registro do Panic, chega como título definitivo na imprevisível trajetória dos roqueiros.

De forma energética, o álbum se inicia com a poderosa Victorious, onde a batida eletrônica é marcante e ousada – sem mencionar o refrão “Tonight we are victorious / Champagne pouring over us / All my friends were glorious / Tonight we are victorious”, grudento ao ponto de fazer você querer ouvi-la inúmeras vezes sem cansar. Cheia de camadas, Victorious é uma combinação perfeita de guitarras, sintetizadores, agudos – tudo junto e misturado mas em ótima harmonia. Don’t Threaten Me With a Good Time chega com sua melodia hip-hop e um tanto retro e uma base de guitarra bastante propícia. Velha conhecida dos fãs, a balada quase-gospel Hallelujah estranha um bocado à primeira audição, mas vai ganhando seu devido espaço no todo. Emperor’s New Clothes é dançante, mas peca talvez no excesso de informação – e assim como a faixa anterior, precisa ser ouvida mais algumas vezes até você se acostumar.

Título deste registro, Death of a Bachelor vai ser, para muitos, o momento mais incrível até aqui – e realmente o é. Trafegando os limites do pop e R&B e com excelentes arranjos de metais (que dão um charme muito peculiar e ela), é de longe a interpretação mais consciente de Brendon até então: seu vocal é potente e seus falsetes são inteligentes e inseridos oportunamente. E se você ama A Fever You Can’t Sweat Out, impossível não balançar ao som da deliciosa Crazy = Genius, praticamente um musical da Broadway. Grande balada do disco, LA Devotee cresce bastante com seu aumento de tom na parte final (após um intermezzo muito bem vindo). Em Golden Days, é a guitarra base que fala mais alto, além da boa performance de Urie (mas lembra vagamente as canções de muitos de seus amigos de dez anos atrás do que algo que a Panic faria). The Good, The Bad and The Dirty não chega a empolgar demais, apesar de bem executada. House of Memories possui uma boa melodia, mas por algum motivo não carrega o mesmo brilho das demais – embora haja uma quebra de ritmo interessante. Encerrando o álbum com grandiosidade, é em Impossible Year que enxergamos até as influências de – pasmem – Frank Sinatra na formação musical da banda. É aqui também que temos um dos melhores desempenhos de Brendon em anos, através de uma composição que aposta na sutileza da combinação piano e voz – vale lembrar que, em alguns casos, menos é mais e isso fica evidente nesta faixa irrepreensível.

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A verdade é que o P!ATD nunca teve medo de inovar e explorar a si mesmo, tentando ao máximo inventar e reinventar idéias. Com arranjos inesperados (mas não totalmente surpreendentes), Death of a Bachelor deu a Brendon seu primeiro número 1 na parada norte-americana da Billboard 200, além de inúmeras e amistosas críticas. Para os fãs, um disco que exibe toda a monstruosidade que é o vocal de Brendon e sua criatividade ao compor música pop que, ainda que previsível e com certa estrutura já montada (introdução tímida e explosão no refrão), consegue funcionar pela sua diversificação. É como se, finalmente após tanto tempo, a banda – ou melhor, seu vocalista – soubesse o que quer fazer e como fazer. E isso, meu amigo, não tem Billboard que pague…

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