Amanhã (Demain)

Em 2012, os cientistas Anthony Barnosky e Elizabeth Hadly divulgaram um estudo na revista Nature, onde argumentavam sobre um possível desaparecimento de parte da raça humana até 2100, baseando-se em estudos e observações sobre os intensos problemas ecológicos, econômicos, políticos e sociais pelos quais a maior parte dos países passa. Partindo da tese levantada por esta publicação, a dupla Mélanie Laurent e Cyril Dion decidiram fazer as malas e viajar pelo mundo para entender os motivos que poderiam de fato provocar este evento catastrófico – e o que nós podemos fazer para evita-lo. Assim, surgiu o documentário Amanhã, um sucesso de público e crítica que busca explorar alternativas imediatas para melhorar o cenário atual e definir o nosso futuro.

Estruturado em cinco capítulos, o filme acompanha a viagem da equipe de cineastas e seu encontro  com pioneiros que criaram soluções ligadas às mais variadas áreas, como a agricultura, energia, economia, democracia e educação. Trata-se, na verdade, de um conjunto de iniciativas realizadas por pessoas comuns que contribuem para a construção de um futuro melhor. Mais que isso: são ações que devem ser implementadas urgentemente para garantir a sobrevivência da espécie humana nas próximas décadas.

É interessante analisar que muitas dessas ações podem parecer, a princípio, não fazer muito sentido. O roteiro, no entanto, vai traçando a conexão entre suas variáveis – às vezes de forma até didática – permitindo que o público enxergue a dimensão que simples atitudes cotidianas podem alcançar. Assim, o documentário defende suas propostas apresentando cases de sucesso, como a criação de moedas locais (como em Bristol, na Inglaterra) ou complementares (como na Suíça, com seu franco wir), que diminui a cadeia de fornecedores; a crise na Islândia, em 2009, sugerindo aqui uma participação mais efetiva da comunidade nas decisões políticas, criando “um governo do povo para o povo”; a revolução na educação na Finlândia, que é um modelo para outras nações; ou mesmo o crescimento da agroecologia e da permacultura.

Obviamente, Amanhã é muito mais rico em seu discurso do que por seus méritos quanto “cinema”. O excesso de didatismo auxilia na assimilação do tema, mas o que torna Amanhã uma obra agradável (e importante) é o seu otimismo. O documentário não se debruça em teorias catastróficas, mas oferece respostas plausíveis para problemas atuais que precisam ser discutidos, reforçando a ideia de que todos podem ajudar a melhorar o planeta. O tom é de positivismo e isso nos dá um fio de esperança, mesmo diante do caos em que vivemos. Em outras palavras, o futuro está em nossas mãos – basta arregaçarmos as mangas e começarmos a trabalhar já.

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Um pensamento sobre “Amanhã (Demain)

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