P!ATD: Mais Disco Do Que Nunca

Que atire a primeira pedra quem nunca criticou um artista por, ao longo da carreira, mudar seu estilo, sonoridade ou ideais… É algo que chega a ser um tanto quanto ambíguo – afinal, se por um lado reclamamos das mudanças, por outro lado também nos entediamos com a mesmice de muitos artistas por aí. A banda norte-americana Panic! At The Disco é um ótimo exemplo disto. Desde sua estréia com A Fever You Can’t Sweat Out, de 2005, até o recentemente lançado Too Weird To Live, Too Rare To Die!, o quarto registro do grupo em estúdio, as mudanças musicais saltam aos ouvidos do público.

panic
Verdade seja dita: independente de qualquer coisa que tenha feito, a banda sabe como fazer. Já declarei em outras ocasiões que o P!ATD é um dos melhores grupos da atualidade, criando álbuns excepcionais em um tempo de carreira relativamente curto. De todos os CDs, particularmente acho que o mais “fraco” seja Vices & Virtues, terceiro trabalho dos garotos (apesar de conter ótimas músicas). Essa minha opinião só é mantida pelo fato de que Vices & Virtues seja, talvez, o disco menos “uníssono” da banda. Esse é, sob certo aspecto, um reflexo dos anseios da indústria fonográfica que atira para todos os lados, tentando fidelizar os antigos fãs e conquistar novos admiradores – tiro que nem sempre atinge o alvo desejado.

Too Weird To Live, Too Rare to Die (lançado no último dia 08) é, como poderia dizer, uma continuação definitiva, porém melhorada, de Vices & Virtues. Não, não é bem essa a melhor definição… Digamos que o quarto álbum seja, assim como o terceiro, uma tentativa de expandir seus horizontes sem tirar totalmente o pé de sua essência. Com isso, o P!ATD consegue criar um trabalho para o qual a crítica tende a tecer elogios enquanto os fãs mais conservadores tendem a detestar – apesar de toda a qualidade inegável do disco.

A primeira música (e primeiro single) é This is Gospel, cuja batida me remete – não sei por qual razão – a New Perspective. Com um contrabaixo generoso, a música apresenta um refrão pegajoso, embalado pela declaração “Esta é a batida do meu coração!”. Serve como single mas, particularmente, não achei grande coisa. Em seguida, a banda surpreende apresentando o segundo single Miss Jackson que, com sua batida hip-hop implacável (uma evolução explícita da criatividade do grupo) conta a história de um casal de bêbados brigando em um estacionamento antes de serem presos.

Em seguida, temos Vegas Light – para mim, a melhor das melhores música do álbum. Com uma introdução que remete a programas infantis de segunda, a música é daquelas que faz você se mexer, dançar e cantar junto. Deus ajude para que ela ganhe um clipe à sua altura, porque olha… sou suspeito para falar. Daí temos uma quebra no ritmo alucinante e ouvimos Girl That You Love, recheada de elementos eletrônicos (da bateria à voz do vocalista) e com cara de trilha de seriado (da onde eu tirei isso?). Provavelmente, Girl That You Love é apenas uma pausa para você respirar e recarregar as energias para Nicotine – que se não fosse pela performance de Brendon poderia muito bem ser tocada em alguma balada da cidade. Mas quer saber? É uma canção deliciosa!

Girls / Girls / Boys vem logo em seguida e, apesar de não permitir muita eloquência, também é uma ótima baladinha rock para dançar coladinho. Aliás, a música é o terceiro single do álbum e ganhou um clipe minimalista, com Brendon performando num fundo preto e completamente nu (não se empolgue…). Daí chegamos a um dos melhores momentos: a canção Casual Affair, que apresenta o lado mais obscuro do disco, com uma bateria agressiva e muito elementos eletrônicos. Far Young To Die também chega com uma boa ajuda eletrônica e cresce claramente ao longo de sua execução. Que tal dançar mais um pouco? Só botar Collar Full e aproveitar o ritmo agitado de sua batida e seu refrão “fofo”. O álbum se encerra com The End of All Things, música com um incrível potencial e a mais experimental de todas (taí um adjetivo ótimo para representar a banda) e que seria a melhor faixa se não pecasse pelo excesso e fosse mais simples.

Too Weird to Live, Too Rare to Die! é um disco que se revela logo de cara. No geral, é um trabalho incrivelmente mais dançante (ainda que tenha seus momentos mais calmos) e o mais eletrônico da carreira da banda. Mesmo nas faixas menos agitadas, Brendon e companhia sabem como explorar as batidas eletrônicas e o uso de sintetizadores (quem foi que disse elementos eletrônicos só servem para fazer dançar?). Ainda que boa parte dos fãs possam torcer o nariz para o álbum, o fato é que o grupo dificilmente voltará a fazer algo como A Fever You Can’t Sweat Out (com todas suas referências burlescas e erotizadas) ou Pretty. Odd (com sua elegância clássica explícita). Como resultado final, a banda não deixou de ser a boa e velha Panic! At The Disco que todos nós conhecemos. Simplesmente ela está hoje muito mais “disco” do que nunca.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.