“Jurassic World” Sobrevive Sem Spielberg no Comando

Eu, particularmente, tenho certa cisma com Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros. Em outras ocasiões, já critiquei os milhões gastos em computação gráfica para criar apenas cerca de 15 minutos de dinossauros na tela, nos fazendo engolir mais de duas horas de um roteiro questionável. Mas tenho que admitir que Jurassic Park foi um filme sem precedentes, um marco do gênero “pipoca” – como boa parte (e provavelmente a melhor) da obra de Steven Spielberg. Lançado há mais de vinte anos, é esse grande sucesso de bilheteria que serve de impulso ao novo filme da franquia: Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros.

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A premissa básica de Jurassic World é a mesma do primeiro, de 1993. Poderíamos até ser bonzinhos e dizer que se trata de uma “homenagem” ou mesmo uma referência livre à fita de Spielberg, porém Jurassic World não chega a ser isso. Na verdade, esse longa recria praticamente todos os passos de seu antecessor – e isso não chega a ser necessariamente ruim. A trama acontece dentro de um novo parque temático, na Costa Rica, onde dinossauros ganham vida através das maravilhas da ciência moderna. Tudo vai bem até que o mais temido entre eles (e que foi modificado geneticamente) escapa de seu abrigo e causa o terror entre os visitantes. Agora, vamos analisar os itens utilizados na história: um par de crianças que se perde na ilha, tem sim; tensão romântica entre dois protagonistas, confere; cientistas que adoram brincar de deuses, certo; vilão infiltrado na equipe principal, beleza. Então, fica a questão: por que retomar a franquia? E mais: esse novo filme vale a pena?

Vou responder ao primeiro questionamento: a ideia de trazer novamente este universo aos cinemas não é recente e, em minha opinião, há duas razões para isso. Primeira delas, romântica: apresentar ao público de hoje toda a magnitude do projeto. Eu confesso não ser o maior fã da saga, mas tenho que admitir que ela é ótima, sim. Eu torço o nariz para blockbuster mas assumo que eles estão aí para entreter o público e quando isso acontece eu realmente saio satisfeito do cinema – e foi exatamente assim que me senti após a sessão de Jurassic World. Definitivamente, o filme cumpre sua promessa e ponto. Segunda razão, esta mais realista: faturar! Simples assim – do contrário nada justificaria uma produção como esta tão pouco tempo após o original ser relançado em 3D.

01Agora, vem a segunda pergunta: Jurassic World merece ser conferido? Serei enfático: sim. Não vou tentar comparar muito as duas fitas. Jurassic Park foi um marco em sua época, um divisor de águas em Hollywood, título obrigatório independente do tipo de cinema que você curta. Perto dele, Jurassic World, o novo, é uma mera cópia quase, mas que se destaca por ser tão empolgante quanto o primeiro. Se a obra de Spielberg conquistou pela originalidade, pela novidade do projeto, Jurassic World deve ser elogiado pelo seu valor como blockbuster atual. O cineasta Colin Trevorrow (que substitui Spielberg, que agora assina apenas a produção executiva) faz um apanhado de tudo o que Steven fez lá atrás, deu uma potencializada no material e criou um filme eletrizante, que durante 120 minutos não faz você desgrudar o olho da tela. Os saudosistas podem (e vão) se desesperar, mas Jurassic World é bom. É repleto de ação, tem piadas que rendem boas risadas e agrada todo mundo.

Há quem diga que Jurassic World não tem o charme, magia e emoção que o longa de Spielberg. De fato, o filme não é isento de pequenos defeitos, como o desenvolvimento de certos personagens (o vilão, por exemplo, é quase o mesmo da novela Mil e Uma Noites), a narrativa que não foge dos clichês e soluções fáceis e até os efeitos especiais, que não são excepcionais (Spielberg fez muito, mas muito melhor há duas décadas atrás, em uma época em que os recursos eram menos acessíveis e sofisticados – os dinossauros do cineasta veterano são muito mais reais e assustadores). O roteiro ainda tenta propor alguma reflexão, novamente na apostando na velha tese que discute os limites da ciência e a ganância do ser humano, mas é superficial nesta empreitada. Mas se você não quiser esquentar a cabeça e estiver procurando um filme para toda a família, que seja capaz de entreter e divertir, vá por mim e adentre este fantástico mundo dos dinossauros.

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